quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

SERÁ O HOMEM COM FOME LIVRE?




Muitas são as pessoas que falam de liberdade desde os comunistas passando pelo centro-esquerda acabando nos anarco-capitalistas. Mas todas entendem e tentam monopolizar essa palavra "liberdade", que tantos corações e espíritos conquista em votos e adorações. Mas o que será o raio deste conceito?
É mais um, demasiado subjectivo para ser entendido objectivamente.
A mim sempre me intrigou a prossecução da liberdade em sentido puro, aquela liberdade que agrada o máximo a todos e todas. Por vezes via os libertários de direita como prossecutores dessa liberdade mais pura, ora, via os comunistas. Quem será que é mais fiel à liberdade, perguntava-me eu.

O conceito de liberdade sempre teve presente na política. Já os donos de escravos falavam que ser dono de escravos era uma liberdade que não poderiam abandonar. Então o que será isto de liberdade num sentido político? Uma palavra de todos e de ninguém. Que é livre e que não pode ser fiel a nenhum monopólio, por ser livre, não é de ninguém e de todos.

Numa acepção mais política descobri que a "liberdade" é uma arma de vários gumes. Não existe liberdade pura e libertadora para todos, aquela "liberdade" consensual e que a todos convém.

O que interessa realmente no problema da liberdade, é a pergunta.
A quem é que vais dar essa liberdade?
Ou, melhor como é que vais distribuir essa liberdade?
E no meio disso tudo quem é que ganha com essa liberdade?
Será essa liberdade a mais abrangente e inclusiva?

A partir desta acepção do conceito de liberdade no sentido político. Comecei a demonstrar o conceito que tão bonito soa aos ouvidos mais libertários/anarquistas, o do, "livre-mercado", que aparenta ser uma coisa altamente liberta e sem opressão. O que é realmente o contrário. É dada a liberdade do mercado ser desresponsabilizado perante o cidadão e os danos que causa à natureza e às próprias sociedade humanas. É dada a liberdade do mercado ser a autoridade controladora e influenciadora da vida humana, mesmo que esta não esteja submetida a um controlo democrático.

Não devemos dar a liberdade de existirem sociedades polarizadas e altamente desiguais, onde uns morrem à fome e outros morrem por comer demasiado e não saber o que mais comer.
Não devemos dar a liberdade de não existir regulação económica, não devemos dar a liberdade de não existir uma distribuição forte da riqueza. Porque quem não tem que comer também tem que ser livre, livre desse abismo.
Não devemos dar liberdade à exploração intensa e desumana dos homens e mulheres. Não devemos dar liberdade nem tréguas a quem ameaça o bem-estar dos cidadãos.

Não devemos dar a liberdade de nos escravizarmos. Não devemos dar a liberdade que nos tirem a democracia. Não devemos dar a liberdade ao tirano.

Liberdade, liberdade, liberdade e mais liberdade.
Toda a gente defende a liberdade, e a cita, salvo excepções muito raras.

Mas o que destinge as pessoas que falam em liberdade, não é o axioma em si, mas a pergunta, mas a quem é que vão dar essa liberdade? Ou pedófilo? ao corrupto? ao empresário? ao trabalhador? ao tirano? ao democrata? ao mercado? ao cidadão? ao Estado Democrático? ao autoritário?

O que é liberdade para uns, não o é para outros.
A liberdade do trabalhador, não é a mesma liberdade do empresário, além de não serem a mesma, são contrárias e inconciliáveis. O que para um é liberdade para o outro é autoritarismo. A escolha democrática da liberdade política é aquela que escolhe o lado da maioria afectada/oprimida e que tenta incluir o máximo de cidadãos na maximização da sua liberdade.

Ao final de um dia de trabalho, o trabalhador norte-americano chega a casa, repara que os filhos choram e dizem aos soluços «a mãe está muito doente» a família não tem sustento para ir ao médico, que vamos dizer ao homem e à mulher?
É o livre-mercado, é a liberdade...?

E tu a quem dás a liberdade?

10 comentários:

  1. liberdade e igualdade, conceitos diferentes. ser igual não é ser livre e ser livre não é ser igual. liberdade pressupõe acima de tudo diferença. ser livre não é ter direito ao que achamos que toda a gente deve ter direito. ser livre não é toda a gente ter as mesmas possibilidades. há quem troque saude por liberdade, dinheiro por liberdade. ha quem nao troque nada disso por liberdde. um homem com fome continua livre. a liberdade não faz a vida facil. pela vida ser dificil nao quer dizer que nao tenhamos liberdade. liberdade, conforto e dinheiro sao conceitos diferentes.

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  2. Isso é a tua opinião. A opinião de que os "direitos positivos" não são liberdade, mas que o que é liberdade são os chamados "direitos negativos", que se caracteriza pela ausência de acção.
    Apesar da nossa doutrina jurídica não aceitar o conceito de "direito negativo", pois todo o direito é positivo e positivado. Este é um conceito usado pelos liberais e ultra-liberais para definir a sua concepção de liberdade.

    Existem duas grandes concepções de liberdade.
    "A LIBERDADE DE TER DIREITO A ... POR PARTE DO ESTADO"
    Que implica uma pró-actividade do estado. Esta é a liberdade de carácter social/socialista.

    "A LIBERDADE DE NÃO SER IMPEDIDO A ... POR PARTE DO ESTADO"

    Esta é uma concepção mais passiva do Estado, em que é valorizada a "não intervenção". A liberdade aqui é vista essencialmente como a "ausência de impedimento".

    Queiramos ou não, estas são duas concepções de liberdade, ambas legitimas e diferentes. E devemos dar a liberdade de conceber a existência de varias formas de ver a liberdade, e de aceitar esse facto.

    Eu compreendo o que você diz. Você fala numa concepção mais "negativista" da liberdade. Mas tem de compreender que essa é uma opinião possível, mas que existe outra.

    "um homem com fome continua livre"

    Um homem com fome não é livre, porque não se livra da fome. Não é livre de escolher ter fome ou não ter. Não tem escolha, é lhe imposto, isso não é liberdade também. Liberdade é o poder de escolha. Um homem com fome, não escolhe uma das coisas mais básicas das necessidades humanas. Eu percebo que muitas pessoas não saibam o que é a fome, mas tentem perceber. (Esta é a minha opinião)

    Eu não sou como aqueles que falam em nome da liberdade, e que tentam monopolizar a liberdade. A liberdade é de todos e não é de ninguém. O seu conceito é livre e variado.

    Dá a liberdade de existirem várias formas de conceber a liberdade além da concepção "negativista".

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  3. Acho que este texto resume bem o dilema que há à volta da liberdade. Não pode existir uma definição concreta de liberdade, pois esta depende das nossas crenças, vivências, ambiente e sociedade. A única liberdade em que eu acredito é a liberdade de expressão, e isso é quando não ultrapassa os limites para violência, insultos, etc. Mas até isso é difícil de definir. Liberdade significa algo diferente para todos, estádependente da nossa concepção de realidade.

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  4. a liberdade de expressão inclui insultos seus idiotas.

    um homem com cancro não é livre porque nao se livra do cancro? um anão não é livre porque não se livra da sua altura? um cego não é livre porque não se livra da escuridão? eu sei que voces sao todos muito bonzinhos, e que se interessam muito pelos + pobres e pelos coitadinhos, mas livrem-se de tornar condescendia em filosofia... embora tenham liberdade para isso, mesmo não se libertando da vossa estupidez

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  5. O que realmente é pobre, de espírito, e de conteúdo, é o seu comentário. Tenho pena de si também por ser um pobre coitado que só sabe insultar. E mesmo para insultar... não tem muito jeito.

    Se quiser um debate sério de ideias. Estou pronto. Se preferir o insulto e a ironia fácil, dou-lhe a liberdade de ficar na sua triste crítica, mas poderá não ter resposta.

    Abraço.

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  6. Um homem com fome é livre ! Ele tem a escolha de procurar emprego , de caçar , cultivar ou fazer criaçao de animais.

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  7. Oh miguel que bela forma de sair por cima. Ao insulto respondeu como um menino de coro ao lado da mãe; ao conteúdo respondeu com orelhas moucas.

    Aconselho um documentário sobre Lagos na Nigéria. Há dois bastante bons. Um da bbc que pode encontrar no youtube (http://www.youtube.com/watch?v=sHKLIpz9F5c) e outro do arquitecto Rem Koolhaas que é um pouco mais difícil de arranjar...

    eu sei que vocês se preocupam muito com os pobrezinhos, mas isso é mais conversa de missa de domingo do que politica... Não sejam paternalistas com o ser humano só porque ele não tem dinheiro.

    primeiro anónimo

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  8. "Um homem com fome é livre ! Ele tem a escolha de procurar emprego , de caçar , cultivar ou fazer criaçao de animais."

    Ainda me hás de explicar como é que se caça na cidade. E ainda me hás de explicar como se criam animais sem dinheiro e propriedade. Ainda me hás de explicar como é que se cultiva sem se ser proprietário de terra.

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  9. "Oh miguel que bela forma de sair por cima. Ao insulto respondeu como um menino de coro ao lado da mãe; ao conteúdo respondeu com orelhas moucas."

    Vejo que o seu estilo de debate é diferente do meu. Não comento mais.

    Eu já explicitei as várias perspectivas de ver o conceito "liberdade" advogadas por várias correntes. Já lhe disse que a minha perspectiva é diferente da sua. Eu reconheço que se possa ver a liberdade dessa forma. Mas eu não a vejo de tal maneira. Eu dou a liberdade de se poder ver a liberdade de outra maneira e sem insultar.

    Eu dou liberdade à maneira como se poderá ver a liberdade.

    Se me quiser apelidar com palavras derivadas de parentescos. Digo-lhe já, que paternalista é uma palavra mal escolhida para o que de facto possa ser. Em último caso posso ser "fraterno", grau de parentesco diferente, é mais com esse com que me identifico.

    "eu sei que vocês se preocupam muito com os pobrezinhos, mas isso é mais conversa de missa de domingo do que politica"

    O teu problema é falta de preocupação com o que lhe rodeia. E mais uma vez, pobrezinho são esse tipo de comentários.

    Se quiser debater de uma maneira mais estruturada,profunda, menos carrancuda e produtiva, avise. Caso contrário só tenho de responder aos seus comentários, esses sim "pobrezinhos" e mal-encarados.

    Aberto ao debate, mas não à varinice pseudo-intelectual.

    Enquanto aos filmes, vou ver se arranjo tempo para os ver. E obrigado pelo aconselho.

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