sexta-feira, 17 de junho de 2011

quinta-feira, 9 de junho de 2011

As vacas sagradas, As rezas, Tabus e Pecados do Bloco





O tempo das vacas sagradas acabaram no Bloco de Esquerda. O processo de reflexão está a passar por aí, para ficar.

Este processo deverá ser feito da maneira mais transparente, mais verdadeira, sem dogmas, tabus e discursos que chamem os "bois pelos nome".
Não poderá ser desperdiçado este momento de aprendizagem. E como toda a bela aprendizagem não deve deixar de começar por ter uma crítica verdadeira e mais independente possível.

Não deixa de ser interessante que um partido que tenha combatido os tabus na sociedade portuguesa agora tenha de combater os seus próprios. E que alguns militantes se tornem tão pouco receptivos a isso.

Por vezes demonstrando uma atitude arrogante como donos da verdade, " do bom militante bloquista", e das "boas práticas". Atacando outros militantes na comunicação social pelas suas críticas, dizendo que estes "estão distantes do Bloco" quando até estiveram alguns deles na fundação do mesmo e aí foram dirigentes, continuando a participar. Críticas deste tipo são também um ultraje aos militantes de base.

Estes sacerdotes e guardiões astutos põe-se sempre em sentido quando toca a defender certas figuras, colectivos, estratégias, práticas sufragadas pelas cúpulas. Mesmo que não seja da sua convicção, lá estão eles, como cães imperiais a defenderem o dono e o templo a troco de estima.

Aliás esta prática é recorrente em todos os partidos. Mas não é uma que me faça orgulhar do colectivo político de qual faço parte. Além de não ser motivo de orgulho é um bloqueador de todo o debate e de preservação dos tabus que ainda existem.

Além destes problemas de estrutura. O BE mostrou que não soube ler os resultados de 2009, e a génese da sua base social de apoio. O discurso do Bloco de Esquerda está desfasado do discurso da sua base social de apoio. O discurso militante é um, o discurso do eleitor é outro. Se o Bloco quer crescer, ou, segurar os seus antigos eleitores terá de se adaptar e ajustar o discurso e prática política.

1. Parece que não se quer ver, mas não me parece que a base social de apoio do BE seja de matriz anticapitalista, ou marxista. Aqui está um tabu.

O discurso dos militantes parece não estar sincronizado com a visão que os nossos eleitores têm/tinham do "Bloco", como uma esquerda, anti-dogmática, moderna, democrática, arejada e progressista.

Além destas duas ideias desfasadas.

2. A utilização de um discurso cada vez mais repetitivo, economicista, e ainda preso a um certo passado. Adicionada a tendência que se veio a registar nos últimos meses de um processo de aproximação do modus operandi político "a la PC". Afasta essa mesma base social. Pois para isso, já existe a CDU.

3. A falta de renovação de quadros, o funcionarismo militante, um certo culto do líder, e personificação do BE por vezes extremada, e pouco questionada. Aliada a uma falta de "catalização" e abertura das estruturas a ideias e personagens exteriores. Como um crescente sentimento de desprezo em relação aos militantes de base, que nas concelhias exprimem essa angústia.

Todos estas situações fazem com que a respostas a esta conjuntura difícil, seja menos eficiente e com vários bloqueios e tabus que não ajudam nada.

Ninguém escapa a uma crítica e à responsabilidade, incluindo eu e qualquer outro militante de base. Mas também não se pode desresponsabilizar a direcção.

No Bloco não há vacas sagradas. E se as houve está na hora de deixarem de ser. Sei que vamos vencer.

É vergonhosa a atitude de Luís Fazenda no artigo "Quem é Daniel Oliveira?"

Devolve-lhe a pergunta.

Quem é Luís Fazenda?