Parece ser moda na "blogosfera", comentar algo sobre os "homens da luta" e a manifestação da Geração Rasca (12 de Março).
Não vou fugir a essa mesma moda.
Nos últimos tempos parece que as manifestações se estão a transformar em algo mais festivaleiro. Algo mais superficial, mais estético, mais de causas, menos substancial, menos programático e por consequente menos ideológico e político.
As ideologias e os teóricos deixam de ter grande papel nas manifestações de rua, como tinham em 68 e nos anos que se sucederam, a mediatização e e os concertos ao vivo parecem começar a ser uma das principais motivações para algum do povo, adormecido, sair à rua.
Nesta última manifestação, evitou-se a política, transformando esta em algo próximo do tabu. Desde neo-nazis a Anarquistas, e alguns simpatizantes e militantes do PSD/JSD, tudo se misturou na avenida da liberdade num movimento esquizofrénico. Em que cada um via coisas diferentes nos "homens da luta" e na própria manifestação.
Apesar de toda esta esquizofrenia e berlusconização da manifestação. Este foi um sinal dos tempos, um bom sinal, mas um que se deve estar atento. Pois é altura de começar a pensar em alternativas e de não fugir a programas, e de não ter medo da politização e de alguma definição política.
Se esta não for feita, não se poderá ir a lado algum seriamente, se é que se quer alguma mudança qualitativa. E para que esta exista é preciso uma alternativa política, mesmo que esta desagrade a alguns. Tem que se perceber que nunca se pode agradar a todos. É claro que os objectivos e princípios de um neo-nazi não sejam os mesmo que um anarquista. Optar por um é negar o outro.
O problema da precariedade é um problema sério que deve ser combatido não só superficialmente mas pela raiz. É um problema de modelo económico, é um problema de escolhas, é uma luta de classes.
É preciso alterar a correlação de forças em Portugal e na Europa, se se quer mudar realmente as coisas incluindo a precariedade e a degradação das condições laborais a par do défice democrático e das desigualdades sociais.
Os partidos da esquerda socialista, BE e PCP, têm agora a responsabilidade de se apresentarem como alternativa a novos eleitorado, pois são os que no espectro partidário mais satisfazem os anseios manifestados, pelo menos o grande grosso.
Numa sociedade espetáculo até as manifestações o são. Assistimos a um aumento da espectacularização/mediatização nesta última manif como nunca outra teve nos últimos tempos deve ser registado com alguma apreensão.
Até uma próxima luta, uma que não faça da política algo a evitar.
desculpem as correcções mas tem de ser:
ResponderEliminaré 'esquizofrenia' com Z e 'seriamente' não leva acento no E
E concordo, é um circo - mas ao menos as pessoas sairam à rua. Agora há que as convencer a sair também quando há um objectivo melhor definido.
Concordo com o que dizes. Excepto que não são as ultimas manifestações, as que se têm transformado em coisas festivaleiras. Foi esta, muito particularmente, esta. E ela foi tão apolítica que pode servir/tem servido tanto agendas esquerdistas como o contrário. Agora é ver quem, deste surto, bastante positivo, de inquietação, se junta àquelas que são as lutas de todos os dias. Dia 19 há mais uma. É esperar que não haja medos de um pouco mais de politização nas ruas.
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