sábado, 17 de setembro de 2011

As esquerdas



Aqueles que adoram a democracia e se confessam de esquerda, assistem incrédulos ao actual estado das coisas.
Por um lado, temos a catástrofe da austeridade, anunciada pelos partidos do círculo do poder, e as suas consequências devastadoras a nível social e até económico.

Basicamente, a austeridade é a destruição da economia e de tudo o que é social, em prol da manutenção das finanças;

Neste momento difícil, as esquerdas dividem-se; é talvez graças a essa divisão que conseguimos distinguir as esquerdas, das esquerdas;

Actualmente, na minha opinião, encontramos as esquerdas europeias divididas em 3.

A 1ª esquerda representa os falsos sociais-democratas que se dizem de esquerda, como é o caso do PS português e francês;

A 2ª esquerda engloba os partidos sociais-democratas, verdadeiramente de esquerda, e os socialistas com tendência a participar em coligações governamentais;

Em 3º, e último lugar, encontram-se os partidos socialistas e comunistas, envelhecidos, inúteis e sectários, que se auto-excluem do exercício da democracia (São raros na Europa, mas existem);

Em tempos díficeis, como este, era imperioso que surgissem convergências à esquerda para dar uma resposta mais humana e patriótica a esta crise neo-liberal, sem acrescentar austeridade e desemprego à mesma.

- Os partidos que pertencem ao 2º grupo, de que falei à pouco (sociais-democratas de esquerda e socialistas), assistem com grande esperança e confiança ao que se passa neste momento em países como a Islândia, Finlândia e mais recentemente na Dinamarca.

O que se está a passar nesses 3 países, são convergências de esquerda, com atitudes positivas;

A Islândia, aquando das primeiras notícias sobre crise financeira, tomou medidas.

Na Islândia, as políticas mudaram radicalmente, e os islandeses optaram pela esquerda, tirando a direita do poder;

A esquerda islandesa uniu-se em pontos estruturais e formou um governo de progresso e investimento público, como resposta ao desemprego, por exemplo.

O sistema tornou-se mais democrático e os islandêses têm daqui para a frente, uma última palavra em todos os assuntos.

Recusaram a "ajuda" do FMI, talvez por serem inteligentes, não sei.

Na Finlândia, o cenário repetiu-se.

O centro-direita, os sociais-democratas e as alianças à esquerda, uniram-se para derrotar a extrema-direita, que conseguiu um crescimento preocupante;

O novo governo finlandês, tomou medidas que dão esperança a qualquer pessoa de esquerda, com o mínimo de preocupação no futuro da Humanidade;

Em plena crise, aumentaram as pensões e o subsídio de desemprego; algo impossível de ser feito, dizem os nossos sociais-democratas.

Já na Dinamarca, aconteceu algo igualmente extraordinário;

Os sociais-democratas, derrotaram o poderio dos liberais de direita, que tornaram a Dinamarca xenófoba durante 10 longos anos.

Pensam agora, mesmo com uma maioria absoluta, em coligações com os partidos à sua esquerda, como o Partido Socialista Popular e a coligação "Verde-Vermelho";

Obviamente que para um partido partilhar o poder numa coligação, tem que ter pouca "sede de poder", mas necessita acima de tudo de um grande altruísmo político, para esquecer algumas medidas que dificultariam a sua união com outros partidos de esquerda.

Uma coligação não se faz com o programa de um partido, mas sim de vários.

Por essa razão, é necessário entendimento, cedência e o tal altruísmo político.

Em Portugal as esquerdas não se unem.

Temos um PS que assina memorandos neo-liberais e diz que defende os interesses do país, colocando as pessoas em primeiro;

Temos um Bloco de Esquerda que não apresenta a tal cedência e entendimento;

Temos um PCP que se insere no 3º grupo que referi no início;

Assim, nunca vamos mudar nada, nem sair da sepa-torta.

As eleições na Noruega estão marcadas para Outubro.

Querem apostar que ganha a esquerda?


Este texto não está escrito segundo o novo acordo ortográfico, e é também possível que contenha imensos erros ortográficos;

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