«(...) a maneira como uma crise se aproxima é significativa. Depois de alguns anos de prosperidade e bons negócios, murmúrios confusos começam a surgir na imprensa, na Bolsa circulam inquietantes rumores de falência; em seguida, estes sinais definem-se melhor na imprensa, a Bolsa torna-se cada vez mais inquieta, o banco do Estado aumenta a taxa de desconto, isto é, torna o crédito mais difícil e limitado, até que começam a chover as notícias de falência.
E uma vez a crise desencadeada, guerreia-se toda a gente para saber quem é o responsável. Os homens de negócios responsabilizam os bancos pela sua recusa total de crédito e os homens da Bolsa pela sua especulação ávida; estes responsabilizam os industriais, os industriais dizem que há falta de moeda no país, etc.
Quando, enfim, os negócios retomam o seu ritmo, a Bolsa e os jornais logo dão conta, com alívio, dos primeiros sinais duma melhoria, até que a esperança, a calma e a segurança se instalem de novo por algum tempo. O que há de mais notável em tudo isto é que todos os interessados, toda a sociedade, consideram e tratam a crise como qualquer coisa que escapa à vontade e aos cálculos humanos, como um golpe do destino dado por um poder invisível, como uma provação do céu, semelhante, por exemplo, a uma trovoada, a um terramoto ou a uma inundação. (...)»
Rosa Luxemburgo, 1916, Introdução à Economia Política
"Roubado" daqui.
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