Foi a insurreição do povo, um movimento verdadeiramente popular, verdadeiramente revolucionário. Mais do que Abril, que foi obra inicialmente de um movimento militar, Outubro foi a expressão da vontade social. Foi o triunfo de um movimento ideológico, cultural e social. Foi o início da ordem pós-medieval e o verdadeiro início da democracia, porque nenhuma monarquia pode ser verdadeiramente democrática! Porque o representante do povo tem de ser escolhido de acordo com a vontade do povo — e de contrário não representa a ninguém.
A monarquia representa o atraso sociocultural e a hipocrisia anacrónica de uma classe perdida num passado de regalias e privilégios e poder atribuído à nascença. Assumir que uma linha genética é garante de uma casta superior, como se houvesse um gene da tirania, atenta directamente contra os princípios básicos da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade, os princípios que a Revolução fez seus: sua máxima, sua aspiração e sua ambição.
República! Uma dessas palavras com sentimento suficiente para mover o mundo!
República! Porque sou cidadão, e não vassalo, servo ou súbdito!
Porque não abdico do direito de eleger e ser eleito para os filhos e netos de uma linhagem predestinada, não abdico desses direitos que nos usurpavam essas dinastias degradadas e degradantes e não reconheço dignidade numa função hereditária!
Porque o Poder, se tiver de existir, é para ser merecido, e não assumido, e muito menos justificado com motivos divinos ou hereditários!
Porque rejeito a imiscuidade entre o trono e o altar, a coroa e a batina!
Porque renuncio ao respeito a quem assume o Estado sem a legitimidade democrática do sufrágio universal e secreto!
Porque reconheço o óbvio facto de que o poder vitalício equivale à corrupção, curada apenas pela legitimação da reeleição periódica!
Porque só na República se desvanecem os privilégios — de nascimento ou outros, de religião, raça, sexo! Só na República se pode defender a igualdade plena, a escola pública, a saúde universal e a liberdade como conquista derradeira!
E sobretudo, porque a República é a filha do Iluminismo e da Revolução, cujos herdeiros recusam a vénia e a submissão, recusam o regime genético de um tirano extemporâneo e enaltecem o laicismo, a liberdade de expressão e o livre-pensamento.
Hoje celebramos a República popular, do povo e para o povo. Somos mais do que a família real, do que as máfias da igreja e os carteis da nobreza. Há cem anos, o progresso despojou-se dos vestígios de um regime que fica melhor no passado a que pertence.
Viva a República!
MUITO BOM! AINDA FALTA CUMPRIR REPÚBLICA COM O ESPÍRITO REPÚBLICANO!
ResponderEliminarexcelente post!
ResponderEliminarnunca mais acaba a merda da república para podermos viver sem imbecis a dar hurras por merdas que nao fazem ideia
ResponderEliminartudo menos um movimento com extensa expressão popular, e anacrónica é algo que a nossa monarquia não era, sendo que hipocrisia está insita na propria monarquia. todas as monarquias da europa caem apenas com as guerras. ´
ResponderEliminar"nunca mais acaba a merda da república para podermos viver sem imbecis a dar hurras por merdas que nao fazem ideia"
ResponderEliminarTentativa de expressão e provocação linguística, falhada à luz da lógica, ritmo frásico, clareza e ofensa.
É por isto, que o investimento e a valorização Republicana da instrução ainda continua mais actual que nunca!
Com a instrução as pessoas aprendem a justificar o que dizem, aprendem a comunicar com mais clareza, e aprendem a insultar com princípios e inteligência!
"Afonso Costa é um dos maiores bandidos que têm aparecido à superfície da política lusitana."
ResponderEliminar"Mas Costa! Este é um piolho da [...] política [...] Era possível odiar Franco. A este esfregão nem isso é possível".
"Esta opressão, que todos nós sentimos, esta vergonha de estarmos sendo governados por bacalhoeiros da política, que roubam no peso da própria retórica [...]"
"[...] este domínio de carbonários e de ladrões, de arruaceiros e de gatunos, que lá vai para cinco anos nos conturba."
"Franco seria um tirano de merda; este [Afonso Costa] é um tirano de caca."
Fernando Pessoa escreveu isto (e muito mais) sobre o representante da republica. o estado portugues gastou 10 milhoes de euros para celebrar o centenário. ide todos a merda voces que se pensam possuidores de principios e de inteligencia ide lá celebrar a vossa ideia de liberdade bacoca e imatura.
Muito bem! Estamos a progredir! Já faz citações!
ResponderEliminarPor muito bom que sejam os poemas de Fernando Pessoa e a sua obra, eu conheço a opinião política dele, não concordo, nem tenho que concordar com ela.
Fernando Pessoa, em termos políticos era um filantropo bizarro, um conservador revolucionário. Um tanto confuso e incoerente como o é na escrita, mas aí é de se honrar, na política não são de louvar as incoerências nem as confusões.
Mudando um pouco de autor. Vou citar José Saramago, prémio Nobel, certamente que você que dá tanta autoridade política a escritores, de certo modo que também dará a este.
"Vai para cem anos, em 5 de Outubro de 1910, uma revolução em Portugal derrubou a velha e caduca monarquia para proclamar uma república que, entre acertos e erros, entre promessas e malogros, passando pelos sofrimentos e humilhações de quase cinquenta anos de ditadura fascista, sobreviveu até aos nossos dias. Durante os enfrentamentos, os mortos, militares e civis, foram 76, e os feridos 364. Nessa revolução de um pequeno país situado no extremo ocidental da Europa, sobre a qual já a poeira de um século assentou, sucedeu algo que a minha memória, memória de leituras antigas, guardou e que não resisto a evocar. Ferido de morte, um revolucionário civil agonizava na rua, junto a um prédio do Rossio, a praça principal de Lisboa. Estava só, sabia que não tinha qualquer possibilidade de salvação, nenhuma ambulância se atreveria a ir recolhê-lo, pois o tiroteio cruzado impedia a chegada de socorros. Então esse homem humilde, cujo nome, que eu saiba, a história não registou, com uns dedos que tremiam, quase desfalecido, traçou na parede, conforme pôde, com o seu próprio sangue, com o sangue que lhe corria dos ferimentos, estas palavras: “Viva a república”. Escreveu república e morreu, e foi o mesmo que tivesse escrito: esperança, futuro, paz. Não tinha outro testamento, não deixava riquezas no mundo, apenas uma palavra que para ele, naquele momento, significaria talvez dignidade, isso que não se vende nem se deixa comprar, e que é no ser humano o grau supremo."
eu pus citações de um homem que conviveu com a republica directamente e você cita um versão romântica. e pus as citações somente da forma como voce reagiu ao "insulto" do comentario anterior.. mas voce decidiu colocar uma especie de historia a la blimunda
ResponderEliminare dou muito autoridade a saramago mas somente à capacidade literária. politica nenhuma. e nao sou monarquico, nem republicano. mas pensar q portugal avançou mto com a republica é ignorar a historia. e para alem disso, o estado novo foi consequência directa da miséria q foi a republica.
gostava agora de citar vargas llosa mas vai dar mto trabalho
Em todos os tempos há homens que dizem bem, e outros que dizem mal, também poderia evocar muitos que diriam o contrário. Não é por aí.
ResponderEliminarA história não é só composta por opiniões pessoais de certos actores. A história é uma teia complexa de eventos passados que têm de ser vistos à luz dos factos e não apartir de afirmações de um Pessoa ou ect.
Agora se queres factos e uma análise mais profunda, poderás ler artigos do Prof. Fernando Catroga, Prof Fernando Rosas,Prof. António Henrique Rodrigo de Oliveira Marques.
Por vezes as pessoas que vivem o tempo são as piores a relatar a história. Por serem imparciais e por serem "produtores" de história emotivos. A história por vezes é melhor relatada não por aqueles que vivem o período histórico, com as suas subjectividades e sua versão, mas por aqueles que têm um certo distanciamento emotivo, e distanciamento das visões, propaganda e correntes políticas da época.
Assim percebes de uma prespectiva histórica as vantagens e as desvantegens que a revolução repúblicana de uma forma mais imparcial. Eu no meu juízo, considero que existiram mais benefícios que desvantagens, e que foi um progresso de se louvar, apesar da corrupção da partidocracia e ect.
Na monarquia era uma corrupção instituída e a instabilidade levou à queda da monarquia e ainda não levou à queda da república.
Algum país do mundo com 100 anos de República voltou a Monarquia?